A escola bolsonarista
Certas coisas só foram possíveis ficarem tão constrastadas no governo do Bolsonaro. A psicologia cristã, por exemplo, é extremamente sorrateira e o charlatanismo nunca vingou tanto. E me pergunto o quão isso causou traumas em tantos processos terapêuticos, de saúde de maneira geral. Dias desses fui no hospital e ouvi um profissional dizer para uma pessoa acreditar em deus… com isso quero dizer que há uma vazão que se alastra também por toda a saúde pública. Na precarização do entendimento da saúde que é passado dos profissionais aos pacientes/clientes. O que é saúde, hoje? E quantos profissionais, as vezes sem saber o que falar, dizem a palavra de Deus para outra pessoa, receitam remédios sem eficácia, sequer acreditam no cuidado que eles mesmos cuidam. Afinal, hoje se faz política por um “evangelho”, porque com as políticas públicas de saúde seriam diferentes?
Em Gestalt-terapia, por sua perspectiva de campo, é dado que “tudo tem um fundo estético” (robine). O estético vem de aesthesis, sensações, em que não apenas se sente, mas se produz sobre o sentir e seus significados [poética]. Desta maneira, o que é poética é também poética na dor? Ou, a legitimação que Bolsonaro dá para a violência carrega uma poética? Perls chamava atenção para a agressividade, o morder dependente, o ego, o ato... E as vezes sinto que é sensação comum que todos estamos sendo mais agressivos, seja com nós mesmos, sejam com os outros, e seus intervalos, suas janelas. Hoje, para alguns, ir pra academia é terapia. O puro suco da retroflexão, da sobrecarga “aliviada” no próprio cansar. Do morrer de cansaço e não conseguir relaxar. Produzir até depois do fim. Quem de nós gosta de tomar um relaxantezin muscular depois de um dia cansativo de trabalho?

